terça-feira, 4 de outubro de 2011

Juíza vincula Oscar Maroni a Bruna Surfistinha e o condena a 11 anos de prisão

A juíza que condenou Oscar Maroni Filho a 11 anos e oito meses de prisão por manter a boate Bahamas citou a escritora Bruna Surfistinha na sentença.

Em seu texto condenatório, a magistrada Cristina Ribeiro Leite mencionou por três vezes a ex-garota de programa, que escreveu o livro O Doce Veneno do Escorpião, no qual relata sua rotina como profissional do sexo e menciona a casa noturna de Maroni.

Maroni foi condenado pela Justiça de São Paulo a 11 anos e oito meses de prisão pelos crimes de favorecimento à prostituição e manutenção de local para encontros libidinosos.
Conforme a decisão, da última sexta-feira prostitutas trabalhavam na boate, localizada em Moema, e os encontros eram realizados nas suítes anexas ao próprio estabelecimento, como principal atividade econômica do lugar. Ele poderá recorrer da sentença em liberdade.

O romance autobiográfico é usado para deixar evidente que o Bahamas era, de fato, uma casa de prostituição. O lugar é descrito como de bom gosto e colocado como um dos lugares onde a competição entre as profissionais é mais acirrada. "Por isto, nunca quis ir trabalhar em casas como Café Photo ou o Bahamas", diz o livro citado na decisão. (...) da mesma forma que um médico sabe o que é um hospital, um juiz sabe o que é um tribunal e um engenheiro sabe o que é uma obra, uma prostituta sabe o que é um prostíbulo, prossegue a sentença.

Para descrever o drama vivido por prostitutas, além do livro da garota paulista, a juíza cita ainda o filme Uma Linda Mulher, que tornou famosa a atriz americana Julia Roberts.
E não é que, 15 anos após o conto de fadas hollywoodiano que elevou Vivian (personagem vivida por Julia Roberts) a uma linda mulher de um bem-sucedido executivo, Bruna Surfistinha admite publicamente que 'deixou a vida' para viver um relacionamento, pois somente assim voltaria a ser respeitada como mulher, diz a sentença.

Abatimento
O empresário não esconde o abatimento na voz ao atender ao telefone. Dizendo-se magoado, Maroni contesta a decisão judicial. Por que só eu, por que só o Bahamas?, questiona.
Ele afirma que muitas outras casas similares à sua seguem em atividade na capital paulista e não são incomodadas pelas autoridades. Sou o Larry Flint brasileiro, diz.

A comparação se deve a um caso semelhante envolvendo o editor de uma revista pornográfica americana retratada no filme O Povo Contra Larry Flynt. Maroni também é dono de uma versão brasileira de uma publicação pornográfica americana. Mesmo com a decisão condenatória, Maroni comemora a absolvição de ex-funcionários e da ex-mulher no mesmo processo pela Justiça.

Ele chegou a ser acusado por tráfico de seres humanos e formação de quadrilhas, mas segundo ele as acusações caíram por falta de provas.