quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

1.000 kgs de crack são consumidos diariamente no Brasil

Estimativas da Comissão de Segurança da Câmara dos Deputados e da Polícia Federal indicam que os brasileiros consomem, todos os dias, cerca de 1 tonelada de crack. E os números podem estar subestimados, uma vez que consideram o universo de apenas 1,2 milhão de usuários de crack no País. Não há ainda dados oficiais sobre dependentes.

Um relatório preliminar da Comissão de Segurança da Câmara, realizado com o apoio da Federação Nacional dos Policiais Federais e do SindiReceita, indica que hoje um quilo de pasta-base de cocaína produz quatro quilos de crack. E um quilo de crack fabrica 4 mil pedras, cada uma com 240 miligramas, em média. Pelo levantamento, fica desmistificada a ideia de que o crack é uma droga barata. Há a dependência de cinco, dez pedras diárias - e nenhum usuário gasta, por dia, menos de R$ 25 com o vício.

Para consolidar pela primeira vez uma estimativa sobre o uso dessa droga no Brasil, especialistas levaram em conta um consumo diário, por pessoa, de quatro pedras. Esse estudo foi publicado pelo jornal O Globo. Mas dentro do próprio governo o tamanho dessa epidemia ainda é uma incógnita, embora agentes diretamente ligados aos usuários há meses convivam com as consequências do uso das "pedras" por todo lado.

No primeiro semestre, o Planalto encarregou um grupo de cientistas da Fiocruz de preparar um mapeamento do crack no País. Mas a conclusão desse trabalho, se forem obedecidos os critérios tradicionais do trabalho de campo, só deverá ser apresentada no próximo semestre - talvez no fim de 2012.

Pelo sertão. O consumo dessa droga derivada da cocaína - que dentro da Polícia Federal, encarregada do combate ao tráfico pesado, é vista simplesmente como mais uma apresentação da pasta de coca aditivada com solventes e outras substâncias prejudiciais à saúde - já se espalhou pelo fundão do País, de tal forma que é possível encontrar casos de consumidores em comunidades a milhares de quilômetros da cracolândia paulistana.

Essa crise está presente, por exemplo, nas praças e favelas de outros grandes centros urbanos, como Recife, e nas casas das periferias pobres de cidades pequenas, como Floresta (PE), no chamado Polígono da Maconha, e arredores. Embora só agora o governo lance seu programa, médicos, psicólogos e outros profissionais de saúde que trabalham nos hospitais interioranos já estão cansados de ver crianças, jovens e adultos se perderem fumando pedra, seja no cachimbo, como mostram as cenas mais conhecidas da cracolândia, seja na mistura dos pedaços de cocaína com tabaco e maconha, como denunciam, há meses, policiais acostumados com as apreensões de drogas no sertão.

Atendimentos. Conforme dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, entre 2003 e 2011, houve um aumento de dez vezes nos atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) por causa da dependência química - foram de 25 mil por mês para 250 mil.