sábado, 1 de outubro de 2011

Dois depoimentos de pessoas que experimentaram sites de traição




DANIELA ARRAIS
DE SÃO PAULO
ELA: É NO BATE-BAPO QUE A COISA PEGA FOGO
Foi às 10h de uma segunda-feira que decidi apimentar minha vida amorosa. Entrei no Ashley Madison, escolhi o nome Danizinha e comecei a descrever meus supostos interesses: "mulher comprometida procurando homens", em busca de "qualquer coisa que dê tesão".

Escolhi homens que estavam a um raio de 50 km e tive acesso a uma profusão de torsos nus e frases diretas, para não dizer cafajestes. Marcos*, por exemplo, usa como definição "topo conhecer e te dar prazer". Loirão24 vai direto ao ponto: "tô à procura de sexo sem compromisso", enquanto Tatazinho exagera dizendo "proporciono grandes emoções".

Foi MMM5400, de sunga na foto, que chamou minha atenção. Diz que está de "bem com a vida e buscando aventura". Para começar a interagir, recorro às opções: enviar mensagem, presente ou uma piscadinha. Enviei de presente uma cereja.

Para Tequero69, "só faço com você", mandei mensagem perguntando se ele queria conversar.

Em 24 horas, recebi duas mensagens, um presente, três piscadinhas, uma chave de acesso para fotos privativas e fui adicionada a uma lista de favoritos. O negócio funciona.

Mas é no bate-papo que pega fogo. Basta ver quem está disponível para começar a falar.

Foi assim que Nos80 me encontrou. Ele acabara de voltar da viagem de férias. Enquanto a esposa (com quem está há 11 anos e tem duas filhas) descansa, ele vê e-mail e entra no Ashley."Ela é bacana, mas nossa relação esfriou."

Ele some por uns dez minutos. Quando volta, diz que a esposa estava do lado e pergunta se podemos conversar por e-mail ou MSN. Claro! Danizinha está sempre disponível.

Na outra janela, converso com Gatodacidade40 e pergunto o que o levou ao site. "Carinho anda em falta por aqui, sexo então... Meses sem!", ele responde. A conversa é interrompida. Ele volta e diz que teve que comprar créditos.

E, se no bar o que não faltam são homens comprometidos que não resistem a uma paquerinha, imagine na internet? É tudo muito rápido. Você pode marcar um encontro depois de 20 minutos de conversa. Se depender da disposição deles, o clímax vem rapidinho!


RAFAEL CAPANEMA
DE SÃO PAULO
ELE: DINHEIRO EM SITES DE TRAIÇÃO É VENDAVAL
Inseguro de minhas habilidades de sedução on-line, me cadastrei no Ohhtel e penei para bolar uma frase de apresentação.

Comecei com "opa", passei para "olá" e acabei optando pela sedutora "estou à disposição".

Depois de algumas horas, recebi duas mensagens, aparentemente de garotas de programa.

Abordei uma mulher cuja foto do perfil mostrava um pedaço de uma tatuagem numa parte não identificada do corpo.

"Quero ver o resto da tatuagem", pedi. A resposta: "Não. Beijosssss".

Com abordagens mais delicadas, a conversa fluiu com outras duas mulheres e migrou para o MSN. Uma delas, por coincidência, encontrava-se no mesmo bairro em que moro.

Ela estava na casa de uma amiga que acabara de passar por uma cirurgia (nada grave). Tem 29 anos e namora há oito. Perguntei como andava o namoro. "Bem, deve imaginar, rs."

Paguei R$ 60 por mil créditos, que acabam muito rápido -para trocar mensagens com alguém, gastam-se 50 créditos.

O título da mensagem mais recente que recebi é "quero erótismo (sic)". Mas não posso lê-la. Depois de 20 contatos, meus créditos acabaram.